sábado, 25 de setembro de 2010

Um pouco da nossa história...

Quando eu e D. começamos a namorar, eu tinha apenas 17 anos. Ele, 22. Meu primeiro namorado. Isso aconteceu nos idos de 1999. Não foi amor à primeira vista. Foi uma amizade que se tornou uma deliciosa paixão e um lindo amor. Recordo-me, perfeitamente, no início de tudo, do dia em que, sentados sob uma árvore, eu disse à ele: "sou virgem. Sexo, só depois do casamento." Ele, prontamente respondeu: "por mim, tudo bem. Desde que você seja a mãe dos meus filhos...". Na minha cabeça, a virgindade era o troféu de toda mulher, e eu, não podia me negar à ela. Era a "prova" de que eu era uma "moça de família", prenda que todo homem gostaria de ter. Era a única forma de valorização que eu podia ter, enquanto mulher, já que, em minha casa, tudo que eu fazia era indiferente. A relação, em casa, com meus pais, era horrível. Eles faziam questão, sobretudo minha mãe, de passar esses pensamentos pra mim. Acabei tendo uma criação rígida e repressora demais, que era reforçada na igreja. E falando em igreja, quanta culpa eu sentia quando tinha pensamentos relacionados a sexo com meu namorado ou quando sentia desejo em ter sexo com ele. Era um martírio. Quantas confissões. Os padres sempre diziam: "pare com isso, Jesus fica triste, você vai ferir sua sexualidade, e depois não se mede o estrago." E eu fui me reprimindo homeopaticamente. Apesar disso, às vezes não resistíamos, e namorávamos de forma mais "ousada", sem nunca tentar a penetração. Era muito bom! Maravilhoso! Aliás, foram os poucos-melhores dias da minha vida.  Se pudéssemos, naquela época, teríamos casado em pouco tempo. Mas, ainda era uma estudante; tinha meus planos de faculdade, e ele também. Então, decidimos que nos casaríamos assim que terminássemos os estudos.

Pois bem, entramos na faculdade, e depois de concluirmos nossos respectivos cursos,  marcamos a data do casamento.  Casamos no início de 2005. Eu com 22 anos, ele com 27. Tudo como mandava o figurino. E foi bem nesse dia, que tinha tudo pra ser o mais lindo da minha vida, que eu descobri a maior frustração dela. Dormimos num hotel, e seguiriamos viagem em lua de mel no outro dia cedo. Bebi tanto vinho pra relaxar que acabei sentindo muito sono. Antes, porém de dormir, tentamos, mas não conseguimos. Tudo bem, a médica já havia dito que poderia ser assim na primeira vez, que nem sempre se conseguia. Viajamos em lua de mel, voltamos, e depois de 3 meses sem  sucesso nas tentativas, voltei à minha ginecologista, achando que meu canal vaginal era obstruído. Ela me examinou e, como disse K. (do blog "Vaginismo, minha história..."), ouvi que tudo estava normal, que meu problema era psicológico. Ela me encaminhou para um psicólogo, mas eu ainda não trabalhava, então, não podia pagar as consultas. Continuei tentando em casa, até que um dia desisti. Eu sofria demais com tentativas cheias de insucesso. Ficamos mais de um ano sem tentar penetração, até que eu consegui um emprego, já no final de 2006 e comecei a me consultar com um psicólogo.

Ele era legal, mas desconhecia o vaginismo. E por falta de informação - minha e dele - acabou concluindo (baseado em não sei o que) que se eu não me entregava, era porque não amava meu marido. Mas, eu falava pra ele que amava sim... muito. Eu sabia que amava.

Foi aí que em 2008 comecei a fazer um curso de pós-graduação, e como a minha relação andava um pouco abalada por conta da distância que estava se instalando entre nós - nosso contato íntimo era muito raro - acabei despertanto interesse por um rapaz, colega do curso. Mas,  não nos envolvemos. Nem beijo nem nada. Ficou só no platonismo. Eu não conseguia, embora o rapaz tenha feito suas investidas. Foi aí que eu cheguei a pensar que seria a oportunidade de "testar" se eu tinha vaginismo mesmo ou não porque - detalhe - o tal terapeuta havia me dito que era incompetência do meu marido o fato de não conseguirmos a penetração. Entretanto, imaginem: se eu não fiz sexo com o homem que sempre amei antes de casar por  pura culpa, eu conseguiria com um homem que apenas me despertara atração física? Um homem que eu mal conhecia? Decerto que não.

Em 2009, fiquei desempregada e tive que deixar a terapia. Muito cara, nosso orçamento andava bombando. Não me servia também. Comecei a achar que o psicólogo estava levando a história muito para o lado pessoal. E decidi entregar a Deus. Desde o começo, eu achava que Ele iria resolver isso, que era uma provação, que em breve tudo isso ia se dissipar. Foi quando tive uma discussão brava com meu marido, por outros motivos que não o vaginismo (ele nunca me cobrou nada acerca do transtorno), que conclui que não o amava mais e resolvi sair de casa. À essa altura, desempregada, casos de doença na família, irrealizada no casamento, com início de depressão, decidi arriscar. Aquilo poderia ser bom pra mim. Nessa discussão, culpei ele de todas as formas: pelos problemas de casa, financeiros, sexuais, enfim. Saí de casa destruída; deixei ele destruído lá. Foram 30 dias de distância, e uma dor aguda absurda. Uma saudade louca do cheiro dele, das risadas, do abraço, do beijo, da companhia. Eu imaginava que era por causa do hábito, afinal eram 10 anos juntos. Mas como um hábito poderia doer na alma daquele jeito, meu Deus? Decidi ouvir meu coração e voltei. Ele me recebeu de braços abertos. Como sempre. Além de ser o amor da minha vida, é um homem maravilhoso de exemplo, caráter, tudo.

Em 2010, decidimos apertar o orçamento e eu voltaria pra terapia. Em abril, recomecei, mas com outra psicóloga. No início, ela achava que meu problema era ansiedade. Muito ansiosa, preocupada, eu não conseguia relaxar o suficiente. E como eu nunca quis acreditar que eu tinha vaginismo, nem falei nada pra ela. Até que em junho, fui à minha gineco e ela bradou: vc ainda nao tratou esse vaginismo? É não tinha jeito. Não podia mais fugir daquilo. Cheguei na terapia e falei pra ela. Levei um laudo da gineco, e alguns artigos da net. Ela disse que nunca tinha ouvido falar. E desde então estamos trabalhando duro em cima disso.

Há 15 dias ela mandou eu começar os exercícios. Aqui na minha cidade não tem fisio uro-ginecológico. Então, sou eu e eu mesma. Comprei um vibrador do tamanho de um batom, lambuzei de KY gel, e mandei brasa. A primeira vez doeu um pouco, mas eu insisti e consegui. Hoje, 2 semanas depois, consigo inserir o vibrador todo, sem dor, sem problema algum. Meu marido também participa dos exercícios. Segunda tenho consulta, e vamos ver se ela acha que eu já posso aumentar o diâmetro. Eu já me sinto segura para tal.

Fiquei feliz quando descobri os blogs que listei aqui ao lado. Avanços, curas, são sempre bem-vindas. No meu caso, que sou bem pessimista, me dá ânimo pra poder continuar e ver que tem jeito!

Obrigada, meninas!

Cris.


Um comentário:

  1. Oi Cris!!

    Fico feliz por ter criado seu blog.

    Nossa... as nossas historias são bem parecidas mesmo, ne?

    Voce verá que tomou a melhor decisao em começar a escrever sobre sua luta. Considere isso como mais um passo rumo a cura. Aqui voce vai compartilhar experiencias com mulheres que vivem extamente o que voce vive: medos, angustias... E fazer uma longa caminhada estando acompanhada fica muito mais facil, nao é verdade?
    Desde que comecei a postar no blog e acompanhar os blogues de mulheres que sabem extamente como me sinto, foi como uma injeção de ânimo. Não me sinto mais sozinha. E deixei de viver lamentando minha situação e optei por partir para a luta.

    Que bom que voce esta evoluindo com os exercicios. Não desista nunca. A cura é completamente possivel e esta muito mais proxima pra quem pratica os exercicios.

    Não deixe de postar sua evolução e sempre que precisar estarei aqui.

    Parabens pela iniciativa, seja bem vinda!!

    Se Deus quiser, muito em breve seremos mais duas a postar nossa cura completa.

    Bjs

    Grazi

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