quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Consulta com a fisio

Oi, meninas! Desculpem a falta de agilidade na postagem, mas vcs entendem, né? Trabalho, casa, enfim. Ontem fui à primeira consulta com a fisio. De cara, constrangimento: ela foi minha contemporânea da época da faculdade. Não do mesmo curso (eu não sou fisio, sou farmacêutica), mas ainda assim, nos batíamos nos corredores, pois estudávamos no mesmo prédio. Morri de vergonha! rsrsrs... mas, coragem! A vida é assim mesmo, não? Bem, ela primeiro conversou, perguntou quando tudo começou, como foi feito o diagnóstico, e depois de uma rápida anamnese, já veio com sinceridade: "como lhe disse ontem, nunca tratei um caso desses... e eu preciso ver como anda o grau do vaginismo antes de saber se podemos começar a terapia. Tenho poucos equipamentos aqui, a falta de recurso atrapalha um pouco, mas eu tive formação para isso, e se eu tiver condição, nós vamos tratar." Ela disse que achava que eu já havia tido relações sexuais, mas com muita dor, mas ao mesmo tempo disse que o fato de eu já conseguir inserir o vibrador do diâmetro de um batom sem dor, era um bom começo. Ela não quis me examinar de cara, disse q preferia uma conversa na primeira consulta pra deixar a paciente mais à vontade, e marcou a próxima consulta pra amanhã (sexta-feira). Eu continuo com um pé atrás, não quero alimentar expectativas, quero viver um dia após o outro, sou muito ansiosa e isso pode atrapalhar as coisas. Amanhã, quando retornar da 2º consulta, passo por aqui... se tiver tempo! Senão, no sábado, com certeza, eu posto.

Beijo!

Cris

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma luz no fim do túnel

Gente, ontem, sem querer, encontrei uma fisio aqui em minha city que trabalha com uroginecologia. Passei lá na clínica, tentei conversar com ela, mas ela estava atendendo, e mandou a secretária me dar seu celular, pediu que eu ligasse à noite. Liguei, e perguntei se ela tratava o caso. Na hora, ela ficou muda. Depois, continuou: "olha, eu vou ser sincera. Trabalho com uro-ginecologia há 4 anos e nunca apareceu um caso desse na clínica." Bastou pra eu me sentir de novo a única da cidade - eu acho que na minha cidade eu sou mesmo a única. Mas ela disse assim: "Mas, apareça amanhã à tarde na clínica, que eu vou te examinar. Leve seus últimos exames de laboratório, se tiver, ultrassonografia também, e um laudo da ginecologista. Dependendo do grau em que você esteja, tenho alguns aparelhos que podem fazer a reabilitação."

Na hora, me deu vontade de rir. Mas depois desisti. Tenho medo de ter muita esperança. A frustração já é minha amiga. Sem maiores expectativas, vou lá hoje. E logo, logo volto aqui pra dar um feedback!

Beijoo!

Cris

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tão, tão distante.

Hoje acordei bastante triste. Parece que, hoje, a cura é algo tão, tao distante de mim! Me senti como alguém predestinada à viver assim pra sempre. Muito tempo se passou, desde que eu casei, e eu acho que já é tão tarde pra poder tentar algo. A questão financeira, a distância de um possível profissional, parecem um obstáculo tão grande de transpor, que eu cheguei a desejar que eu nem tivesse nascido. Estou sem forças. Era só isso.

sábado, 25 de setembro de 2010

Um pouco da nossa história...

Quando eu e D. começamos a namorar, eu tinha apenas 17 anos. Ele, 22. Meu primeiro namorado. Isso aconteceu nos idos de 1999. Não foi amor à primeira vista. Foi uma amizade que se tornou uma deliciosa paixão e um lindo amor. Recordo-me, perfeitamente, no início de tudo, do dia em que, sentados sob uma árvore, eu disse à ele: "sou virgem. Sexo, só depois do casamento." Ele, prontamente respondeu: "por mim, tudo bem. Desde que você seja a mãe dos meus filhos...". Na minha cabeça, a virgindade era o troféu de toda mulher, e eu, não podia me negar à ela. Era a "prova" de que eu era uma "moça de família", prenda que todo homem gostaria de ter. Era a única forma de valorização que eu podia ter, enquanto mulher, já que, em minha casa, tudo que eu fazia era indiferente. A relação, em casa, com meus pais, era horrível. Eles faziam questão, sobretudo minha mãe, de passar esses pensamentos pra mim. Acabei tendo uma criação rígida e repressora demais, que era reforçada na igreja. E falando em igreja, quanta culpa eu sentia quando tinha pensamentos relacionados a sexo com meu namorado ou quando sentia desejo em ter sexo com ele. Era um martírio. Quantas confissões. Os padres sempre diziam: "pare com isso, Jesus fica triste, você vai ferir sua sexualidade, e depois não se mede o estrago." E eu fui me reprimindo homeopaticamente. Apesar disso, às vezes não resistíamos, e namorávamos de forma mais "ousada", sem nunca tentar a penetração. Era muito bom! Maravilhoso! Aliás, foram os poucos-melhores dias da minha vida.  Se pudéssemos, naquela época, teríamos casado em pouco tempo. Mas, ainda era uma estudante; tinha meus planos de faculdade, e ele também. Então, decidimos que nos casaríamos assim que terminássemos os estudos.

Pois bem, entramos na faculdade, e depois de concluirmos nossos respectivos cursos,  marcamos a data do casamento.  Casamos no início de 2005. Eu com 22 anos, ele com 27. Tudo como mandava o figurino. E foi bem nesse dia, que tinha tudo pra ser o mais lindo da minha vida, que eu descobri a maior frustração dela. Dormimos num hotel, e seguiriamos viagem em lua de mel no outro dia cedo. Bebi tanto vinho pra relaxar que acabei sentindo muito sono. Antes, porém de dormir, tentamos, mas não conseguimos. Tudo bem, a médica já havia dito que poderia ser assim na primeira vez, que nem sempre se conseguia. Viajamos em lua de mel, voltamos, e depois de 3 meses sem  sucesso nas tentativas, voltei à minha ginecologista, achando que meu canal vaginal era obstruído. Ela me examinou e, como disse K. (do blog "Vaginismo, minha história..."), ouvi que tudo estava normal, que meu problema era psicológico. Ela me encaminhou para um psicólogo, mas eu ainda não trabalhava, então, não podia pagar as consultas. Continuei tentando em casa, até que um dia desisti. Eu sofria demais com tentativas cheias de insucesso. Ficamos mais de um ano sem tentar penetração, até que eu consegui um emprego, já no final de 2006 e comecei a me consultar com um psicólogo.

Ele era legal, mas desconhecia o vaginismo. E por falta de informação - minha e dele - acabou concluindo (baseado em não sei o que) que se eu não me entregava, era porque não amava meu marido. Mas, eu falava pra ele que amava sim... muito. Eu sabia que amava.

Foi aí que em 2008 comecei a fazer um curso de pós-graduação, e como a minha relação andava um pouco abalada por conta da distância que estava se instalando entre nós - nosso contato íntimo era muito raro - acabei despertanto interesse por um rapaz, colega do curso. Mas,  não nos envolvemos. Nem beijo nem nada. Ficou só no platonismo. Eu não conseguia, embora o rapaz tenha feito suas investidas. Foi aí que eu cheguei a pensar que seria a oportunidade de "testar" se eu tinha vaginismo mesmo ou não porque - detalhe - o tal terapeuta havia me dito que era incompetência do meu marido o fato de não conseguirmos a penetração. Entretanto, imaginem: se eu não fiz sexo com o homem que sempre amei antes de casar por  pura culpa, eu conseguiria com um homem que apenas me despertara atração física? Um homem que eu mal conhecia? Decerto que não.

Em 2009, fiquei desempregada e tive que deixar a terapia. Muito cara, nosso orçamento andava bombando. Não me servia também. Comecei a achar que o psicólogo estava levando a história muito para o lado pessoal. E decidi entregar a Deus. Desde o começo, eu achava que Ele iria resolver isso, que era uma provação, que em breve tudo isso ia se dissipar. Foi quando tive uma discussão brava com meu marido, por outros motivos que não o vaginismo (ele nunca me cobrou nada acerca do transtorno), que conclui que não o amava mais e resolvi sair de casa. À essa altura, desempregada, casos de doença na família, irrealizada no casamento, com início de depressão, decidi arriscar. Aquilo poderia ser bom pra mim. Nessa discussão, culpei ele de todas as formas: pelos problemas de casa, financeiros, sexuais, enfim. Saí de casa destruída; deixei ele destruído lá. Foram 30 dias de distância, e uma dor aguda absurda. Uma saudade louca do cheiro dele, das risadas, do abraço, do beijo, da companhia. Eu imaginava que era por causa do hábito, afinal eram 10 anos juntos. Mas como um hábito poderia doer na alma daquele jeito, meu Deus? Decidi ouvir meu coração e voltei. Ele me recebeu de braços abertos. Como sempre. Além de ser o amor da minha vida, é um homem maravilhoso de exemplo, caráter, tudo.

Em 2010, decidimos apertar o orçamento e eu voltaria pra terapia. Em abril, recomecei, mas com outra psicóloga. No início, ela achava que meu problema era ansiedade. Muito ansiosa, preocupada, eu não conseguia relaxar o suficiente. E como eu nunca quis acreditar que eu tinha vaginismo, nem falei nada pra ela. Até que em junho, fui à minha gineco e ela bradou: vc ainda nao tratou esse vaginismo? É não tinha jeito. Não podia mais fugir daquilo. Cheguei na terapia e falei pra ela. Levei um laudo da gineco, e alguns artigos da net. Ela disse que nunca tinha ouvido falar. E desde então estamos trabalhando duro em cima disso.

Há 15 dias ela mandou eu começar os exercícios. Aqui na minha cidade não tem fisio uro-ginecológico. Então, sou eu e eu mesma. Comprei um vibrador do tamanho de um batom, lambuzei de KY gel, e mandei brasa. A primeira vez doeu um pouco, mas eu insisti e consegui. Hoje, 2 semanas depois, consigo inserir o vibrador todo, sem dor, sem problema algum. Meu marido também participa dos exercícios. Segunda tenho consulta, e vamos ver se ela acha que eu já posso aumentar o diâmetro. Eu já me sinto segura para tal.

Fiquei feliz quando descobri os blogs que listei aqui ao lado. Avanços, curas, são sempre bem-vindas. No meu caso, que sou bem pessimista, me dá ânimo pra poder continuar e ver que tem jeito!

Obrigada, meninas!

Cris.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Introdução

Ops! O título do primeiro post é bem oportuno, não? rsrs... Brincadeiras à parte, seria realmente cômico, se não fosse trágico. Sou Cris, 28 anos, casada há 5, e portadora de vaginismo. Durante muito tempo ignorei o problema por não consegui aceitar esse transtorno que eu considero a derrota da minha vida. Culpei minha mãe pela educação rígida, a Igreja, por ter me apresentado um Deus malvado que me mandaria diretamente pro inferno caso eu pensasse - ou sonhasse - com algo relacionado a sexo, e até meu marido, pela compreensão excessiva. Ainda vivo de culpas. Mágoas. Acho que tudo poderia ter sido diferente se houvesse uma dosagem de equilíbrio. Só Deus sabe o que eu sofro ao longo desses longos quase 6 anos. Brigas horrorosas com meu marido, pensamentos de suicídio, o surgimento de uma leve depressão, o afastamento de pessoas que eu tanto amo, a sensação de humilhação e inferioridade enquanto mulher, pois, enquanto todas as minhas amigas viam me contar "maravilhas", eu tinha que sorrir e inventar algo para poder entrar no assunto. Quando chegava em casa, chorava um dia sem parar, e ainda tinha que ter criatividade suficiente para inventar tragédias para justificar o meu choro. Fiz dois anos de terapia com um louco que me "convenceu" que eu não conseguia me entregar, porque não amava meu marido. Confusa, fragilizada, deprimida, louca pra mudar de vida, decidi me separar - eu tinha que tentar algo. Posso dizer que sair de casa, deixá-lo para trás, me causou a maior dor que pude sentir na vida. Ficamos 1 mês separados. Até que eu mesma me convenci que fui vítima da minha vulnerabilidade, que não conseguia viver sem ele, e voltei. Não acho que esse mês longe dele tenha sido em vão. Serviu pra me mostrar o quanto o amo, o quanto ele me é precioso, o quanto eu tenho certeza que ele vai ser o pai do meu filho. Falarei de nós mais tarde. Em abril desse ano procurei uma psicóloga, e levei pra ela o meu diagnóstico - que havia sido feito por minha ginecologista. Ela nunca tinha ouvido falar em vaginismo. Mas, juntas, pesquisamos, e esse mês eu comecei a fazer os exercícios. Mas ainda tenho um medo absurdo de ficar assim pra sempre.

Embora tenha dito à Grazi que não tinha blog porque não conseguia falar sobre o assunto, decidi escrever para partilhar com vocês sobre esse problema, afinal, só nós sabemos de verdade o quanto sofremos. Falo para minha psicóloga sempre que minha felicidade depende dessa realização. Mesmo tão cansada, não desisto. Mesmo achando que vou ficar assim pra sempre, que nunca terei filhos, não fico de braços cruzados. Nunca tinha ouvido falar sobre a cura do vaginismo, mas descobri vários blogs, e agora estou aqui para me alegrar com vocês, para ganhar ânimo, pois eu sei que a caminhada é árdua. Quero para chegar à cura. Conto com vocês!

Um beijo enorme!

Cris