sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Introdução

Ops! O título do primeiro post é bem oportuno, não? rsrs... Brincadeiras à parte, seria realmente cômico, se não fosse trágico. Sou Cris, 28 anos, casada há 5, e portadora de vaginismo. Durante muito tempo ignorei o problema por não consegui aceitar esse transtorno que eu considero a derrota da minha vida. Culpei minha mãe pela educação rígida, a Igreja, por ter me apresentado um Deus malvado que me mandaria diretamente pro inferno caso eu pensasse - ou sonhasse - com algo relacionado a sexo, e até meu marido, pela compreensão excessiva. Ainda vivo de culpas. Mágoas. Acho que tudo poderia ter sido diferente se houvesse uma dosagem de equilíbrio. Só Deus sabe o que eu sofro ao longo desses longos quase 6 anos. Brigas horrorosas com meu marido, pensamentos de suicídio, o surgimento de uma leve depressão, o afastamento de pessoas que eu tanto amo, a sensação de humilhação e inferioridade enquanto mulher, pois, enquanto todas as minhas amigas viam me contar "maravilhas", eu tinha que sorrir e inventar algo para poder entrar no assunto. Quando chegava em casa, chorava um dia sem parar, e ainda tinha que ter criatividade suficiente para inventar tragédias para justificar o meu choro. Fiz dois anos de terapia com um louco que me "convenceu" que eu não conseguia me entregar, porque não amava meu marido. Confusa, fragilizada, deprimida, louca pra mudar de vida, decidi me separar - eu tinha que tentar algo. Posso dizer que sair de casa, deixá-lo para trás, me causou a maior dor que pude sentir na vida. Ficamos 1 mês separados. Até que eu mesma me convenci que fui vítima da minha vulnerabilidade, que não conseguia viver sem ele, e voltei. Não acho que esse mês longe dele tenha sido em vão. Serviu pra me mostrar o quanto o amo, o quanto ele me é precioso, o quanto eu tenho certeza que ele vai ser o pai do meu filho. Falarei de nós mais tarde. Em abril desse ano procurei uma psicóloga, e levei pra ela o meu diagnóstico - que havia sido feito por minha ginecologista. Ela nunca tinha ouvido falar em vaginismo. Mas, juntas, pesquisamos, e esse mês eu comecei a fazer os exercícios. Mas ainda tenho um medo absurdo de ficar assim pra sempre.

Embora tenha dito à Grazi que não tinha blog porque não conseguia falar sobre o assunto, decidi escrever para partilhar com vocês sobre esse problema, afinal, só nós sabemos de verdade o quanto sofremos. Falo para minha psicóloga sempre que minha felicidade depende dessa realização. Mesmo tão cansada, não desisto. Mesmo achando que vou ficar assim pra sempre, que nunca terei filhos, não fico de braços cruzados. Nunca tinha ouvido falar sobre a cura do vaginismo, mas descobri vários blogs, e agora estou aqui para me alegrar com vocês, para ganhar ânimo, pois eu sei que a caminhada é árdua. Quero para chegar à cura. Conto com vocês!

Um beijo enorme!

Cris

Um comentário:

  1. Sim, sim...
    É exatamente assim que nos sentimos né? Inferior às outras mulheres...
    Quantas amigas minhas casaram depois de mim e também me contam coisas maravilhosas e eu... tendo que inventar pra não passar vergonha...
    Escondo esse fato de todo mundo. Só meu marido, eu e Deus sabemos desse meu problema...
    É incrível como todoas nós nos sentimos da mesma forma... e é confortador saber que há uma cura e que nós chegaremos lá!
    Um beijo!

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